No Dia Mundial do Rim, lembrado nesta quinta-feira, 11/3, o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), alerta para os cuidados necessários com a Covid-19 e as sequelas da doença, capaz de provocar doenças renais crônicas em pacientes positivados.
A doença renal crônica é caracterizada pela perda lenta, progressiva e irreversível da função renal, sendo cada vez mais prevalente no mundo. As principais causas são a diabetes, a hipertensão arterial, a obesidade, e a mais recente: a Covid-19.
“A Covid é uma infecção viral com gatilho para uma tempestade inflamatória do corpo, principalmente no pulmão, mas ocorre em outros órgãos também, principalmente no sistema renal, que pode sofrer consequências parecidas com a do pulmão", explica o médico nefrologista do Hospital Regional do Baixo Amazonas, Emanuel Esposito.
O especialista reforça que a Covid-19 é capaz de causar "uma tempestade de citocinas, substância que afeta o comportamento das células vizinhas, e que inflamam os rins”.
No HRBA, unidade pertencente ao Governo do Pará e gerenciada pela Pró-Saúde, houve aumento no número de pacientes em tratamento de covid-19, que apresentaram insuficiência renal aguda e precisaram de hemodiálise.
Em 2019, foram realizadas 606 sessões de hemodiálise na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Em 2020, as sessões chegaram a 1.307, com aumento expressivo nos meses de pico da pandemia na região: maio, junho e julho.
O motorista Francisco Walfredo Moita, de 68 anos, se recuperou da Covid-19 há 20 dias. Ele tratou a doença no HRBA e, apesar de estar curado do coronavírus, apresentou insuficiência renal aguda.
“Eu já tinha problemas renais desde novo, mas nunca precisei fazer hemodiálise. Não pegue essa doença porque ela é perigosa. Não ande sem máscara, não aglomere”, contou o paciente que precisa voltar ao hospital três vezes por semana para fazer hemodiálise.
“A Covid-19 tem levado os pacientes aos problemas renais, sendo fator de risco para Doença Renal Crônica, que chamamos pela sigla de DRC. Então, podemos dizer sim que a Covid aumenta a chance de DRC e a chance do paciente ter que fazer diálise para o resto da vida. Nosso receio é que isso venha a aumentar o número de doentes renais crônicos no mundo”, alerta o nefrologista.
Sintomas
Os sintomas da Doença Renal Crônica são muitas vezes imperceptíveis, sendo detectada somente no estágio avançado.
Entre os sinais mais comuns estão: anemia, urina espumosa, inchaço, hipertensão, náusea, vômito, falta de ar.
Também estão no grupo de risco para doença renal os idosos acima de 60 anos e indivíduos com histórico familiar de doença renal, pessoas expostas a substâncias tóxicas. Vale ressaltar a importância de evitar o uso indiscriminado ou automedicação com antibióticos e anti-inflamatórios.
Prevenção
A prevenção é fundamental para evitar que o paciente desenvolva a doença renal.
É necessário adotar estilo de vida saudável, para proteger os rins. Prevenir obesidade, diabetes, fazer uso racional de medicamentos e evitar a automedicação, o tabagismo e praticar sempre atividades físicas.
“A população de risco precisa estar com os exames de rotina em dia e dosar a creatinina – principal medidor da função renal, e realizar exame de urina (EAS). São exames de baixo custo e realizados pela maioria dos laboratórios”, recomendou Esposito.
Neste ano, a campanha nacional da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) aborda o tema “Vivendo bem com a Doença Renal”. A ação é uma campanha de conscientização global destinada a alertar a população sobre a importância do correto funcionamento dos rins.
“Queremos este ano conscientizar pacientes a praticarem o autocuidado. Tem muito paciente que se torna renal crônico e ele não sabe como agir, como conviver bem com a própria doença”, afirma a enfermeira nefrologista, Solange Quadros, supervisora do Centro de Terapia Renal Substitutiva (CTRS/HRBA).
Para levar informação sobre a saúde dos rins e prevenção, de 5 a 12 de março, o HRBA realiza uma programação no espaço acadêmico da unidade, com simulação de como é feita a Hemodiálise e a Diálise Peritoneal no paciente.
O hospital é referência em tratamento da Covid-19 para uma população estimada em mais de 1,3 milhão de pessoas, residentes em 30 municípios e recuperou 396 pacientes até esta terça-feira (9/3). A unidade está entre os melhores hospitais públicos do Brasil.
Com atendimento 100% SUS (Sistema Único de Saúde), a unidade faz parte de um seleto grupo no Brasil – há seis anos consecutivos – que detém o certificado ONA 3 - Acreditado com Excelência.
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